A minha querida mãe, que tem um coração maior do que o mundo, pediu-me que difundisse aqui uma notícia que saiu no jornal Correio da Manhã na edição de ontem. É um artigo que fala sobre como os animais são tratados em Portugal.
Já que o nosso governo não faz ponta de corno para mudar a situação dos animais neste país, achei que era o mínimo que podia fazer. Desde que soube de um cão largado para morrer no meio da uma auto-estrada porque o dono se cansou de ter um cão-de-água lá em casa, já nada me espanta.
Num país onde as preocupações maiores estão centradas no dinheiro, em como multiplicá-lo, ou em como o estado no "rouba", os animais ficam em último ... se é que ficam em último. Eu apostaria que nem sequer fazem parte das preocupações da maior parte dos portugueses. “com tanta coisa em que pensar, vou lá agora pensar nos animais coitadinhos”. Eu apostaria que o número de pessoas que se preocupa com os animais é tão diminuta que não chega para fazer noticia. Simplesmente porque ninguém se importa.
Claro que divulgarei. Fá-lo por ela, e pelos animais que não têm voz neste país e muito pouca gente que se digne a falar por eles.
A mensagem fica para quem se importa, e eu sei que ainda há gente que se importa.
Claro que divulgarei. Fá-lo por ela, e pelos animais que não têm voz neste país e muito pouca gente que se digne a falar por eles.
A mensagem fica para quem se importa, e eu sei que ainda há gente que se importa.
Fica aqui a transcrição do artigo do Correio da Manhã
Do artigo destaca-se esta frase
"Temos aqui cães abusados sexualmente, queimados com cigarros, recuperados de esgotos, cegos com alcatrão quente. No que respeita aos animais vivemos num país de selvagens. O nosso desenvolvimento moral não atingiu o patamar da Holanda, país que na sua Constituição contempla os direitos dos animais.”
União Zoófila: directora denuncia
Cães abusados sexualmente
Margarida Namora, directora do canil e gatil da União Zoófila (UZ), em Lisboa, é incapaz de esconder a revolta quando se depara com um animal que foi deliberadamente ferido por alguém que, frisa, fica sempre impune. “As autoridades, na maioria das vezes, não sabem como agir.”
“Estou na direcção da União Zoófila há dez anos e só por uma única vez soube de um agente da PSP que deu ouvidos a alguém que se foi queixar à esquadra de um cão que estaria a ser maltratado”, frisa Luísa Barroso.
Ao seu lado, Margarida Namora concorda. E diz-se incapaz de tirar da cabeça o rafeiro que uma mulher teve a coragem de tirar a um vizinho, revoltada com as sevícias sexuais a que ele sujeitava o animal.
“Isso aconteceu há quatro anos”, recorda Luísa Barroso. “A mulher que salvou o cão chegou a falar com a Polícia, mas disseram-lhe que nada podiam fazer. Teve de ser ela a agir. E agiu. Tirou o cão ao vizinho e trouxe-o para aqui, onde constatámos que foi mesmo abusado sexualmente.” A dirigente não quis que o CM fotografasse o cão. “Por uma questão ética. É um animal, mas tem os seus direitos.”
Uma decisão prontamente apoiada pela directora da UZ: “Não quero que o... chamemos-lhe ‘Piruças’ fique estigmatizado.”
MÁGOAS ANTIGAS
Quanto aos problemas que mais afectam a UZ, fundada em 1951, Margarida Namora lamenta não ter qualquer apoio do Estado. “Devia dar-nos um subsídio e estabelecer parcerias, nomeadamente com a medicina veterinária. Temos três veterinários e não chegam para tratar os mais de 800 cães e 200 gatos que necessitam de cuidados todos os dias.”
Outros dos graves problemas da UZ – que conta com 20 mil sócios, mas apenas quatro mil pagam a quota anual de 21 euros – é o consumo de água. “Pagamos mais de 1500 euros por mês. Nunca percebi por que razão temos de pagar água ao nível de qualquer empresa. Também neste caso o Estado devia promover uma parceria. Afinal, fazemos um serviço público, extremamente útil para a população. E como não temos dinheiro só lavamos isto uma vez por dia. É pouco, sobretudo no Verão.”
POLÍTICOS SURDOS
Margarida Namora diz que já tentou tudo para obter ajuda junto dos políticos de todos os partidos. “Mas eles, os políticos, são todos surdos. Por isso, como já referi, percebo bem que o Estado não dê prioridade aos animais abandonados. Estamos num país onde há lutas de galos, onde os galgos que não são bons para a corrida são abatidos a tiro, onde se degolam porcos vivos e onde há professores de ensino básico que levam os jovens alunos a ver essa barbaridade, considerando-a pedagógica. Isto para não falar noutras situações, como os circos, que são autênticas câmaras de tortura dos animais.”
ADOPÇÃO COM REGRAS
Margarida Namora considera que, nos próximos anos, não será possível diminuir a população do canil e gatil da União Zoófila. “Investimos muito na adopção. Mas não damos cães para serem acorrentados, para lutas, para a caça ou a menores. Antes de sair daqui qualquer animal, o interessado tem de passar por uma entrevista e tem de saber muito bem o que quer.”
Os cuidados justificam-se porque o perigo não tem fim. “Há tempos tivemos uma pessoa que, tudo indicava, veio aqui tentar levar um animal para ser morto em lutas. Começou por querer um pastor alemão. Passado algum tempo já levava um cão qualquer. Percebi o que queria e não levou nada. Acompanhei-o até ao portão e vi que tinha à espera dele um grupo de jovens de brinco na orelha e cabelos em pé. Daqueles que têm desse tipo de animais de luta e precisam de um para sacrificar”.
CRIMES SEM PUNIÇÃO
A directora da União Zoófila reclama uma urgente alteração da legislação que impeça que os crimes sobre animais não fiquem impunes. “Para os nossos legisladores os animais são comparados a coisas. É isso que está no Código Penal. O artigo 212.º diz que quem destruir, no todo ou em parte, danificar ou tornar não utilizável coisa alheia é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa.”
Sem se deter, Margarida Namora aumenta o tom da crítica. “Não sei de um único caso em que uma pessoa que tenha feito mal a um animal tenha sido punida. Há cerca de seis anos fiz queixa numa esquadra da PSP de uma pessoa que abandonou um cão à minha frente. Ainda hoje estou à espera que a chamem.”
DENTRO DO CANIL
MORTES
A taxa de mortalidade na União Zoófila é praticamente nula, salienta a directora da UZ, Margarida Namora. “Isto deve-se à boa qualidade dos nossos três veterinários: José Pedro Leitão e Pedro Matias, nos cães; e Vanessa Dias, nos gatos. São inexcedíveise estão sempre prontos a ajudar.”
RAÇÃO
A UZ gasta uma tonelada de ração de cão por semana. “Os apoios que temos não são suficientes”, refere Luísa Barroso. “Em relação aos gatos, por enquanto temos reservas para alguns meses, que nos foram oferecidas por uma empresa. Também nos faltam patés para fazer os comprimidos.”
CÂMARA
Segundo Margarida Namora, a única ajuda que a UZ recebe da Câmara Municipal de Lisboa é a recolha, aos sábados, de cadáveres cujo destino é a incineração. “Quem gosta muito de animais espera que o actual presidente, o doutor Carmona Rodrigues, seja sensível a essa questão.”
Do artigo destaca-se esta frase
"Temos aqui cães abusados sexualmente, queimados com cigarros, recuperados de esgotos, cegos com alcatrão quente. No que respeita aos animais vivemos num país de selvagens. O nosso desenvolvimento moral não atingiu o patamar da Holanda, país que na sua Constituição contempla os direitos dos animais.”
União Zoófila: directora denuncia
Cães abusados sexualmente
Margarida Namora, directora do canil e gatil da União Zoófila (UZ), em Lisboa, é incapaz de esconder a revolta quando se depara com um animal que foi deliberadamente ferido por alguém que, frisa, fica sempre impune. “As autoridades, na maioria das vezes, não sabem como agir.”
“Estou na direcção da União Zoófila há dez anos e só por uma única vez soube de um agente da PSP que deu ouvidos a alguém que se foi queixar à esquadra de um cão que estaria a ser maltratado”, frisa Luísa Barroso.
Ao seu lado, Margarida Namora concorda. E diz-se incapaz de tirar da cabeça o rafeiro que uma mulher teve a coragem de tirar a um vizinho, revoltada com as sevícias sexuais a que ele sujeitava o animal.
“Isso aconteceu há quatro anos”, recorda Luísa Barroso. “A mulher que salvou o cão chegou a falar com a Polícia, mas disseram-lhe que nada podiam fazer. Teve de ser ela a agir. E agiu. Tirou o cão ao vizinho e trouxe-o para aqui, onde constatámos que foi mesmo abusado sexualmente.” A dirigente não quis que o CM fotografasse o cão. “Por uma questão ética. É um animal, mas tem os seus direitos.”
Uma decisão prontamente apoiada pela directora da UZ: “Não quero que o... chamemos-lhe ‘Piruças’ fique estigmatizado.”
MÁGOAS ANTIGAS
Quanto aos problemas que mais afectam a UZ, fundada em 1951, Margarida Namora lamenta não ter qualquer apoio do Estado. “Devia dar-nos um subsídio e estabelecer parcerias, nomeadamente com a medicina veterinária. Temos três veterinários e não chegam para tratar os mais de 800 cães e 200 gatos que necessitam de cuidados todos os dias.”
Outros dos graves problemas da UZ – que conta com 20 mil sócios, mas apenas quatro mil pagam a quota anual de 21 euros – é o consumo de água. “Pagamos mais de 1500 euros por mês. Nunca percebi por que razão temos de pagar água ao nível de qualquer empresa. Também neste caso o Estado devia promover uma parceria. Afinal, fazemos um serviço público, extremamente útil para a população. E como não temos dinheiro só lavamos isto uma vez por dia. É pouco, sobretudo no Verão.”
POLÍTICOS SURDOS
Margarida Namora diz que já tentou tudo para obter ajuda junto dos políticos de todos os partidos. “Mas eles, os políticos, são todos surdos. Por isso, como já referi, percebo bem que o Estado não dê prioridade aos animais abandonados. Estamos num país onde há lutas de galos, onde os galgos que não são bons para a corrida são abatidos a tiro, onde se degolam porcos vivos e onde há professores de ensino básico que levam os jovens alunos a ver essa barbaridade, considerando-a pedagógica. Isto para não falar noutras situações, como os circos, que são autênticas câmaras de tortura dos animais.”
ADOPÇÃO COM REGRAS
Margarida Namora considera que, nos próximos anos, não será possível diminuir a população do canil e gatil da União Zoófila. “Investimos muito na adopção. Mas não damos cães para serem acorrentados, para lutas, para a caça ou a menores. Antes de sair daqui qualquer animal, o interessado tem de passar por uma entrevista e tem de saber muito bem o que quer.”
Os cuidados justificam-se porque o perigo não tem fim. “Há tempos tivemos uma pessoa que, tudo indicava, veio aqui tentar levar um animal para ser morto em lutas. Começou por querer um pastor alemão. Passado algum tempo já levava um cão qualquer. Percebi o que queria e não levou nada. Acompanhei-o até ao portão e vi que tinha à espera dele um grupo de jovens de brinco na orelha e cabelos em pé. Daqueles que têm desse tipo de animais de luta e precisam de um para sacrificar”.
CRIMES SEM PUNIÇÃO
A directora da União Zoófila reclama uma urgente alteração da legislação que impeça que os crimes sobre animais não fiquem impunes. “Para os nossos legisladores os animais são comparados a coisas. É isso que está no Código Penal. O artigo 212.º diz que quem destruir, no todo ou em parte, danificar ou tornar não utilizável coisa alheia é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa.”
Sem se deter, Margarida Namora aumenta o tom da crítica. “Não sei de um único caso em que uma pessoa que tenha feito mal a um animal tenha sido punida. Há cerca de seis anos fiz queixa numa esquadra da PSP de uma pessoa que abandonou um cão à minha frente. Ainda hoje estou à espera que a chamem.”
DENTRO DO CANIL
MORTES
A taxa de mortalidade na União Zoófila é praticamente nula, salienta a directora da UZ, Margarida Namora. “Isto deve-se à boa qualidade dos nossos três veterinários: José Pedro Leitão e Pedro Matias, nos cães; e Vanessa Dias, nos gatos. São inexcedíveise estão sempre prontos a ajudar.”
RAÇÃO
A UZ gasta uma tonelada de ração de cão por semana. “Os apoios que temos não são suficientes”, refere Luísa Barroso. “Em relação aos gatos, por enquanto temos reservas para alguns meses, que nos foram oferecidas por uma empresa. Também nos faltam patés para fazer os comprimidos.”
CÂMARA
Segundo Margarida Namora, a única ajuda que a UZ recebe da Câmara Municipal de Lisboa é a recolha, aos sábados, de cadáveres cujo destino é a incineração. “Quem gosta muito de animais espera que o actual presidente, o doutor Carmona Rodrigues, seja sensível a essa questão.”
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:'(
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