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8 de setembro de 2008

Constipação

“Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor!
0 que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando,
Não estarei bem se não me deitar na cama
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

/Excusez un peu/… Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.”


Fernando Pessoa

14 de agosto de 2008

Mergulho

Estamos sentados numa esplanada onde se consegue avistar o pôr do sol por cima dos telhados das casas. Observo-te sem que te apercebas. Lês calmamente o jornal desportivo, o teu bonito perfil debruçado sobre jornal. Por momentos levantas a cabeça e olhas o horizonte, num gesto de quem está a cogitar sobre o que acaba de ler. Os teus olhos absorvem a luz do final de tarde e ficam ainda mais verdes, mais brilhantes. Por breves instantes fixas o teu olhar no meu e sorris, longe de pensar que há muito mergulhei nesse olhar e ali fiquei.

Tu não te apercebes, mas às vezes observo-te. Mergulho nos teus olhos e deixo-me ficar.

13 de março de 2007

O que é?

é o sol que bate no meu rosto
o vento leve que brinca com os meus cabelos

é o despertar dos sentidos
em pequenos sons que anunciam a chegada da primavera
no toque sedoso das pétalas

é andar de olhos postos no céu
e nas estrelas
é o chão seguro debaixo dos meus pés

é um "bom dia" sentido
é um sorriso aberto de um desconhecido que passa

é uma gargalhada inesperada
de uma anedota bem contada

é conforto de uma palavra amiga
é a ternura de um abraço
a luz de um rosto bonito

é um pensamento nostálgico
uma canção que nos faz recordar

é o bater das asas de uma borboleta colorida

é o descanso de um sono tranquilo
o nascimento de um novo dia

é uma estória sussurrada ao ouvido
um toque leve
um beijo imaginado,

é um sonhar de olhos abertos
um doce sofrer
é saudade

é sentir
é gostar de existir
é amar

20 de fevereiro de 2007

Trintonas

Texto recebido por email e supostamente escrito por Andy Rooney, apresentador do programa da CBS "60 Minutes.

Dedicado às trintonas


Para todas as mulheres com mais de 30 anos... e para aquelas que têm medo de
entrar nos 30... e para os homens que têm medo das mulheres com mais de 30!

À medida que vou envelhecendo, valorizo cada vez mais as mulheres com mais
de 30 anos. Estas são apenas algumas das razões porque o faço:

- Uma mulher com mais de 30 nunca te acordará a meio da noite para perguntar
"Em que é que estás a pensar?". Ela não se importa com o que tu pensas.

- Se uma mulher com mais de 30 não quer ver o jogo de futebol, não se senta
a teu lado a lamentar-se. Ela faz alguma coisa que queira fazer e,
geralmente, é algo mais interessante.

- Uma mulher com mais de 30 conhece-se suficientemente bem a si própria para
estar certa de quem é, o que quer e de quem o quer. Poucas mulheres com mais
de 30 anos ligam alguma ao que tu possas estar a pensar sobre ela ou sobre o
que ela está a fazer.

- As mulheres acima dos 30 têm dignidade. Raramente terão uma discussão aos
gritos contigo na ópera ou no meio de um restaurante chique. No entanto,
claro, se tu mereceres, não hesitarão em dar-te um tiro.

- As mulheres mais velhas são generosas nos elogios, muitas vezes não
merecidos. Elas sabem o que é não ser apreciado.

- Uma mulher acima dos 30 tem segurança suficiente para te apresentar às
amigas. Uma mulher mais nova acompanhada de um homem ignora frequentemente
até a melhor amiga porque não confia no homem perto de outra mulher. Uma
mulher com mais de 30 não se podia estar mais nas tintas se tu te vais
sentir atraído pelas amigas dela, não porque confie em ti, mas porque sabe
que elas não a trairão.

- As mulheres tornam-se psíquicas à medida que envelhecem. Nunca terás que
confessar os teus pecados a uma mulher com mais de 30. Elas sabem sempre.

- Uma mulher com mais de 30 fica bem a usar um batom vermelho brilhante. O
mesmo não se aplica às mulheres mais novas.

- Depois de ultrapassares uma ou outra ruga, vais ver que uma mulher com
mais de 30 é de longe mais sexy do que qualquer colega mais nova.

- As mulheres mais velhas são correctas e honestas. Dizem-te imediatamente
que és um idiota se te estiveres a comportar como tal. Nunca tens que tentar
adivinhar em que pé estão as coisas entre vocês.

- Sim, nós elogiamos a mulher com mais de 30 por várias razões. Infelizmente,
não é recíproco. Por cada bela, inteligente, segura e sexy mulher com mais
de 30 anos, existe um careca, barrigudo, em calças amarelas a fazer figura
de parvo com uma empregada de mesa de 22 anos...

18 de outubro de 2006

Até que a morte os separe

O desespero corre-lhe nas veias
como um rio de veneno

há muito que a consome
e arrasta a sua dignidade pouco a pouco
e cada vez mais

Ela suporta porque ainda vive
.... mas até quando?

Cada segundo, cada minuto,
ela tolera a loucura até que todo o seu corpo doa

Uma dia
depois outro
e mais outro
são todos iguais
todos vividos como um relógio partido
o tempo passa, mas não passa

E a noite...
quando chega, é assustadora e cruel
a escuridão da noite e os pesadelos
vão-lhe rasgando a alma aos poucos

ela suporta porque ainda vive
mas até quando?

Os fragmentos partidos de uma vida inteira
caem-lhe nas mãos
e ferem-na
mas a inércia apodera-se do seu corpo e da sua mente
ela nada pode fazer

apenas deixar-se morrer
abandonar-se aos poucos,
até que tudo passe

Ela espera por esse dia
um dia depois do outro

Por fim, a ansiedade por momentos
transforma-se em serenidade
porque sabe
que será o momento em que finalmente descansará

quando a morte os separar

9 de outubro de 2006

Preciso de ti

Há momentos em que me sinto perdida
mas basta olhar para ti para me encontrar

preciso de ti,
és o meu refúgio secreto, o meu lar

Há momentos em que nada parece fazer sentido
e a tua voz me acalma e orienta

preciso de ti
em todos os momentos
porque és a bússola que me guia
és o caminho que quero percorrer
és parte do que quero ser

Por saber que te tenho por perto
tudo faz sentido,
eu faço sentido

Nos momentos em que me sinto não existir
és tu quem me traz de volta
basta olhar para ti
para saber que existo

26 de setembro de 2006

Coisas que escrevi há mil anos atrás I

Rainy Days

Outside, the rain falls gently
Like a curtain of cold tears
The leaves on the trees seam to dance to the sound of the wind
Dark clouds cover a sky that was blue

For a few moments,
A hopeful streak of sunlight touches my window
But soon dissapears

Then, I hear a song
That reminds me of you
And the memories become tears
Just like the ones outside

Soon it will stop
The rain, the song, the tears
Soon I will fall asleep

But no other night will be like tonight
When a song became my tears
and my tears became rain

1988

20 de setembro de 2006

Os sinais de mudança

Vejo que as folhas ganham uma nova tonalidade
e que as árvores começam a perder alguma da sua folhagem

Vejo que o sol se recolhe mais cedo
e que as noites são mais longas e silenciosas

Vejo os sinais de mudança

É o outono, que se aproxima com uma nova paisagem
E eu sinto que mudo também

Vejo que as pessoas se preparem para o inverno
antecipando os dias curtos e frios, já começam a perder o brilho do verão
são as útimas despedidas aos dias quentes e ociosos

É o outono, que chega uma nova linguagem
a linguagem de dias mais melancólicos

e eu sinto que me transformo em outono
em dias mais cinzentos, em árvores secas e despidas

Vejo os sinais de mudança
que anunciam novas tempestades, novos tempos

Já sinto o cheiro da chuva
que irá limpar os resquícios do verão
e irá temperar os meus dias

Com o outono chega o meu outro eu
a minha alma renovada

12 de setembro de 2006

A minha mente

A minha mente é uma sala com janelas, paredes
e uma porta

As janelas, umas vezes estão abertas,
para que a luz do sol preencha a solidão do espaço vazio
Outras vezes estão fechadas
para que aprenda encontrar-me na escuridão
O tecto é alto
para albergar todas as emoções e todo o conhecimento
A porta... esta está sempre aberta
para que possa fugir sempre que precisar
e para que possam entrar outras luzes, outras mentes

As paredes, decorei-as com as minhas memórias
memórias que nunca se apagam
memórias florescentes para que as veja mesmo na escuridão

A minha mente é uma sala arejada
onde a brisa fresca refresca os meus sentidos
e raio de sol que penetra timidamente pelas janelas acalenta os meus medos

Esta sala onde queimo velas de cheiro incenso
É o meu retiro espiritual
e o meu mundo dentro do mundo
É o lugar só entra quem eu quero
E onde só deixo sair o que importa.

8 de setembro de 2006

Uma simples vírgula...

...pode fazer uma grande diferença.

Onde colocariam a vírgula na frase seguinte?

"Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de rastos á sua procura."

4 de setembro de 2006

Tio Tanche

Deixem-me falar-vos um pouco sobre o meu tio Tanche.

Era um homem pequeno e roliço, mas muito robusto. Tinha uma luzente careca que dava vontade de passar a mão. o Tio Tanche não era um homem qualquer. Era um homem que parecia não envelhecer. Passavam-se anos e ele continuava o mesmo homem robusto e doce de sempre. Era o melhor tio que uma pessoa poderia ter. Ele a a sua esposa, tia Leia. E nem sequer são tios, são parentes, e mas muito mais do que isso, são verdadeiros amigos, uma preciosidade nos dias que correm. Tio Tanche e tia Leia. São as melhores pessoas do mundo.

Lembro-me de brincarmos todos na casa deles. Era uma casa grande com um bonito pátio interior com jardim com um pé de tamarina, que costumávamos trepar para colhermos as saborosas tamarinas. Não havia tamarinas tão boas como aquelas. Comiamos tanto que ficavámos com dor de barriga.

Os corredores que davam para os quartos ladeavam o pátio. Tinha muitas plantas. Lembro-me de percorrermos os corredores desta casa até nos cansarmos. Depois íamos para a cozinha comer um lanche bem farto que a tia Leia nos tinha preparado. O tio Tanche sentava-se sempre à mesa connosco, sempre bem disposto e cheio de estórias para contar. Lembro-me do seu riso sonante e contagiante, do seu sorriso aberto, dos seus braços sempre prontos para nos abraçar, dos seus olhos sinceros, alegres. Lembro-me da sua meiguice, do seu ar de malandro, sempre pronto para pegar partidas aos mais novos. Lembro-me da sua paciência. Não se cansava de nos ter por perto.

São tantas as memórias do tio Tanche, e ao mesmo tempo as memórias desse tempo misturam-se com uma saudade sufocante que só agora me apercebi que sentia. Apesar de estar longe, sei que aquela casa que tantas memórias abraça, também terá saudades do riso e da alegria do tio Tanche. Agora ficará coberta por um manto de profunda tristeza e saudade. Sei que a tia Leia se irá sentir só naquela casa grande e que as suas lágrimas irão cair sobre aqueles corredores durante muito tempo. Nunca os imaginei separados, sempre pensei que o tio Tanche fosse viver até os cem anos e que continuaria a fazer rir todos à sua volta com as suas estórias e a sua boa disposição. Tio, bô bai ced demás.

Não tive oportunidade de lhe dizer o quanto gostava dele. Vou dizê-lo agora
Tio, nunca teremos outro amigo como tu. Onde quer que estejas, o teu riso e a tua alegria estará sempre presente. Quero que saibas que foste sempre o nosso preferido. Desculpa-me não me ter despedido de ti. Tinhas acabado de fazer anos! Não deverias ter partido tão cedo. Tinha programado ir lá a vossa casa em São Vicente, queria apresentar-te o meu namorado, queria que ele visse aquela casa e que ouvisse as tuas estórias.
Mas sei que vais estar lá. Aquela casa era o teu mundo. Sei que não deixarás a tia Leia sozinha. Espero encontrar-te lá, onde sempre foste feliz. Sabes que sempre gostei daquela casa e sei que te vou encontrar lá. Vais ficar feliz por nos ver novamente. Quero ver o pé de tamarina e roubar-te algumas se ainda houver. E olha tio, sei onde te vou encontrar. Estarás naquele teu quarto secreto que fechavas à chave e não deixavas ninguém entrar. É lá que vais estar.

Não me despedi de ti, mas não é preciso porque sei que te vou encontrar lá. Isto não é um Adeus, é um até à próxima. Um beijo da tua Mariana.

23 de agosto de 2006

A felicidade

Por vezes a felicidade está tão próxima
que temos medo de avançar
Ela parece sorrir-nos,
Mas não confiamos
Será mais seguro ficar onde estamos?
A dúvida afasta-nos do caminho
A felicidade, ali a dois passos
e não somos capazes de a acolher
É um espaço aberto, vazio e incerto
a entrada é uma porta aberta,
mas do outro lado há uma estranha luz
a luz que tememos
É uma luz vazia que nos preenche
não sabemos se não conforta
ou se nos assusta
É um sentimento confuso
Será esse o estímulo que nos permite viver?
Será a felicidade um objectivo a desejar
e não a alcançar?
Por vezes a felicidade está tão perto
mas como poderemos saber se é real?
como poderemos senti-la sem sentirmos medo?

20 de março de 2005

quero voltar

quero enterrar os pés na areia fresca
sentir a doce maresia que só existe nesse lugar

quero voltar a esse lugar
onde aprendi
a nadar
a brincar
a namorar

a saborear a alegria de viver

quero voltar
à minha praia