12 de setembro de 2008

Cabelos brancos

Sempre ouvi dizer que para cada fio de cabelo branco que arrancamos, crescem sete. Até há não mito tempo tinha a mania de arrancar um ou outro que sorrateiramente espreitava por entre os cabelos negros. Arrancava-os, nunca liguei a esse ditado. O que é certo é que eles cresceram como se fossem cogumelos em terra fértil. Hoje com 36 anos (a caminhar velozmente para os 37) reparo que já não tenho apenas feios de cabelo branco solitários que se perdem no meio do negro, mas sim uma discreta madeixa que teima a formar-se bem no cimo da testa, tornando quase impossível a tarefa dos os disfarçar.

Mas não responsabilizo o ditado e o facto de ter arrancado os solitários cabelos brancos de outrora. Simplesmente cheguei à conclusão que chegou a altura de eles começarem a desabrochar em todo o seu esplendor. Podia ser pior, podiam ser verrugas, essas eu não iria conseguir suportar do alto dos meus 36-quase-37 anos.

Dois sentimentos opostos invadem a minha alma todas as manhãs quando me olho ao espelho e me deparo com esta nova realidade, esta nova etapa da vida. Primeiro a indignação. Que feios que são estes malditos cabelos brancos, bolas não vão com nada. A seguir vem a resignação. Estão ali como espécie de medalhas representado sabedoria, experiência, maturidade e enfim, a chegada do outono da vida. Se não for isto, são as preocupações penso, isso as preocupações dão cabo de uma pessoa. Contemplo-os mais uma vez e outros sentimento rasga abruptamente o sereno momento de resignação. A negação. É preciso minimizar os estragos. Vou ter de disfarçar toda esta sabedoria, vai muito mal com jeans. A maturidade não tem de ser representada por meros fios de cabelos prateados. Simplesmente é. Portanto, decido que vou pintar o cabelo de uma cor que confira um ar mais fresco à minha pessoa.

Agora o dilema. De que cor vou pintar os sábios cabelinhos brancos que teimam em aparecer no meio do escuro? Tenho que pensar muito bem.

Sempre quis ser ruiva.

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