18 de outubro de 2006

Até que a morte os separe

O desespero corre-lhe nas veias
como um rio de veneno

há muito que a consome
e arrasta a sua dignidade pouco a pouco
e cada vez mais

Ela suporta porque ainda vive
.... mas até quando?

Cada segundo, cada minuto,
ela tolera a loucura até que todo o seu corpo doa

Uma dia
depois outro
e mais outro
são todos iguais
todos vividos como um relógio partido
o tempo passa, mas não passa

E a noite...
quando chega, é assustadora e cruel
a escuridão da noite e os pesadelos
vão-lhe rasgando a alma aos poucos

ela suporta porque ainda vive
mas até quando?

Os fragmentos partidos de uma vida inteira
caem-lhe nas mãos
e ferem-na
mas a inércia apodera-se do seu corpo e da sua mente
ela nada pode fazer

apenas deixar-se morrer
abandonar-se aos poucos,
até que tudo passe

Ela espera por esse dia
um dia depois do outro

Por fim, a ansiedade por momentos
transforma-se em serenidade
porque sabe
que será o momento em que finalmente descansará

quando a morte os separar

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