
como um rio de veneno
há muito que a consome
e arrasta a sua dignidade pouco a pouco
e cada vez mais
Ela suporta porque ainda vive
.... mas até quando?
Cada segundo, cada minuto,
ela tolera a loucura até que todo o seu corpo doa
Uma dia
depois outro
e mais outro
são todos iguais
todos vividos como um relógio partido
o tempo passa, mas não passa
E a noite...
quando chega, é assustadora e cruel
a escuridão da noite e os pesadelos
vão-lhe rasgando a alma aos poucos
ela suporta porque ainda vive
mas até quando?
Os fragmentos partidos de uma vida inteira
caem-lhe nas mãos
e ferem-na
mas a inércia apodera-se do seu corpo e da sua mente
ela nada pode fazer
apenas deixar-se morrer
abandonar-se aos poucos,
até que tudo passe
Ela espera por esse dia
um dia depois do outro
Por fim, a ansiedade por momentos
transforma-se em serenidade
porque sabe
que será o momento em que finalmente descansará
quando a morte os separar
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