Bandeiras

Pois é, voltou a febre das bandeiras à janela. Pena que seja apenas nestas alturas.

Sou toda a favor de bandeiras e patriotismo. Mas pergunto-me porque só sabemos ser patriotas quando se trata de futebol.

É um pouco contraditório. Por um lado, há o futebol que traz consigo admiração, patriotismo, enstusiasmo, esperança, alegria...por outro lado, os problemas que perturbam o povo português continuam lá. Será o futebol realmente o ópio do povo? Pelos vistos sim, mas acaba-se o futebol acaba-se o patriotismo.

Mas o ópio do povo não deveria ser apenas esse. O entusiamo e coragem não deveria existir apenas no futebol. Deveria existir no desejo de mudança, na força para lutar por um país melhor, na esperança de que um dia possamos andar nas estradas sem o constante medo de acidentes, na mudança de mentalidade pura e simplesmente. Porque será que apenas sabemos vislumbrar a vitória de uma equipa, e nunca a vitória do povo a defender o seus direitos por um país melhor?

Penso que há um motivo muito simples para preferirmos desejar e celebrar as vitórias do futebol. Dá menos trabalho do que lutar por um país melhor. É menos cansativo. O povo já está tão cansado de lutar dentro de si que desistiu de lutar pelas coisas mais difíceis. Afinal, torcer pela selecção é cómodo e é fácil e acima de tudo, traz-nos alguma alegria e algum conforto.

Mudar um país, essa parte é bem mais complicada.

Quem sabe.... talvez uma coisa leve à outra. Talvez o entusiasmo do futebol nos leve a querer mudar outras coisas. Talvez nos deixemos levar pela onda e façamos algo pelo país também. O país está doente e está atrasado e a culpa é toda nossa, da nossa mentalidade.

Se é para colocarem bandeiras, pelo menos coloquem-nas de coração, não apenas pela selecção. Coloquem-na para que haja mundança, para que haja esperança também. O futebol dá alegrias, alivia a alma, mas não cura o país. Coloquem banderias pelo país também. Há muito para fazer. Há muito para mudar.