28 de abril de 2005

o regresso



Não há sentimento maior do que aquele que nos une à nossa terra, às nossas raízes e origens. A vontade de partir para depois voltar e reencontrar essas origens! A sensação de “chegar a casa” quando se pisa aquela terra e se respira aquele ar doce que nos transporta instantaneamente para os nossos primeiros anos de vida... muitas vezes os mais felizes. Não há sensação maior do que nos sentirmos invadidos pela paz que nos traz esse lugar especial... onde nascemos, crescemos, e assentámos as nossas raízes. Para mim, esse lugar é Cabo Verde.

É um país pobre e com poucos recursos, mas riquíssimo em tradição e espírito. É um país seco, mas tem um solo tão fértil que basta umas gotinhas de chuva para fazerem nascer logo plantas exóticas e de uma beleza rara.

Tem tantas outras riquezas! Aquela gente simples, trabalhadora, que se sente feliz com um tão pouco. Os miúdos que fabricam os seus brinquedos a partir de qualquer material que encontrem e que dê para moldar e transformar, que brincam e riem, sem qualquer noção do mundo lá fora, mas felizes, sem qualquer preocupação!

E depois há a música e a dança. Para mim, não há nada que se compare ao prazer de dançar o funaná, as coladeiras, e de ouvir lindas mornas e de saborear uma deliciosa refeição... pode ser uma rica e farta catchupa, ou um arroz d’atum, uma caldeirada de peixe ou tantos outros pratos tradicionais. (As necessidades que o país passou foram um trampolin para que a criação de pratos criativos e "com substância", com a utilização dos poucos recursos que havia.)

Tudo isto na companhia de bons amigos e de uma boa conversa.

Existirá algo mais agradável do que observar o pôr do sol à beira do mar, ao fim de uma tarde de convívio, de música, de tradição....enfim, de morabeza. Podia escrever durante horas sobre esta terra... porque para mim, não existe lugar melhor ... não existe nenhum outro lugar onde eu quisesse estar mais.

O que eu aprendi foi que, para sentir este sentimento tão forte em relação a este lugar foi preciso sair de lá e passar o resto do tempo a querer voltar para aquele lugar longínquo onde nasci, cresci e onde fui mais feliz.
É sempre preciso sair. A alegria está na ideia do regresso e na chegada.

E agora, passados vinte anos, estou a fazer a contagem decrescente para o meu regresso a Cabo Verde.

Faltam aproximadamente 60 dias :)

3 comentários:

Anónimo disse...

Não sendo e lá Cabo Verde faz parte do meu imaginário também :-)Poçço ir cuntigo? :-P

valjean disse...

Cabo Verde tb sempre fez parte do meu imaginário...
Embora nunca tenha conhecido...
Não me falta muito para finalmente conhecer...
Tenho curiosidade em estar lá e ver com os meus próprios olhos, sentir o cheiro do mar ...
Mas acima de tudo poder partilhar a companhia da autora deste blog e beber à beira do mar numa esplanada qualquer a surrupiar o crioulo e principalmente dedicar-me à estupidificação mental...que bem preciso.LOL

Mariana de Barros disse...

Marge, óvcórse que podes acompanhar, sempre como é, onde vai uma clone, vai outra :D

beijos

Valjean mi amore ... já faltou mais :)